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Revista Comunicação, Cultura e Política

ISSN 2175-7402 (On-line)

PUC-Rio
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Alceu 11

O movimento estudantil brasileiro e a crise das utopias
Por: Roberto Amaral


Resumo
O autor desenvolve seus argumentos visando à defesa de um conjunto de proposições e teses, entre as quais: a)  numa sociedade democrática, o movimento estudantil organiza-se em torno da discussão geral e execução de tarefas inerentes ao porvir dessa sociedade, esse porvir ganhando formulação num conjunto de desejos, antecipações, “utopias”; b) entre 1945 e 1964, a sociedade brasileira, num contexto de governos legitimados pelo voto popular, faz a opção por se  reconstruir segundo o perfil das nações industrializadas do Ocidente, aderindo a  modelos de utopias então chamadas de  “nacionalismo”, “socialismo”, “desenvolvimentismo”; c) o movimento estudantil brasileiro organiza-se em apoio a esses “projetos”, procurando ampliar as possibilidades políticas dessas utopias, as quais começam a ganhar  “realização” nos chamados Anos Dourados (1950-60);  d) nos vinte anos de ditadura (1964-1983), a opção pelo desenvolvimentismo com autoritarismo impõe à sociedade civil mudança de estratégia e táticas, vários dos segmentos do movimento estudantil orientando-se pela ação armada; e) com o fim do projeto de desenvolvimento autoritário e dependente, o movimento estudantil encontra espaço na luta através de pressão política pela redemocratização da sociedade, pelo aperfeiçoamento de suas instituições sociais, movimento que é frustrado não só  pela ação das antigas elites no comando da chamada Nova República, como também pela emergência de um novo contexto internacional, com a queda do muro de Berlim, a chamada globalização e início das políticas do  neoliberalismo; f) a partir de 1989, com o “fim das utopias”, há a fase de refluxo dos movimentos sociais.
O imobilismo caracterizador da atual fase da vida política brasileira explica-se, segundo o autor, pela renúncia, por parte das elites, à elaboração de um projeto de nação, acomodação política carregada de riscos quanto à continuidade de nossa formação social.

Palavras-chave
Brasil; Anos Dourados; América Latina; Movimento estudantil brasileiro; Movimentos sociais; Governos ditatoriais; Anos 60; Abertura política.

Abstract
The author advances his arguments so as to justify a set of  propositions and theses, among which: a)  in a democratic society the so called student movement organizes itself around  the discussion and execution of policies linked to the construction of  that society’s future, whose configuration derives from a set of  whishes,  anticipations, or ‘utopias’; b) between 1945 and 1964, the Brazilian society, in the context of some administration chosen by the people’s vote, decided to rebuild itself following  the model of the western  industrialized nations, in this way opening itself to the assimilation of utopias then called “nationalism”, “socialism”, “developmentism”; c) the student movement is organized as an instrument for  spreading up some political possibilities of such utopias, many of them finding their beginning of accomplishment during the course of the so called Anos Dourados  (Brazil’s Golden Years – 1950-60); d) during the dictatorial period (1964 -1983), the option for the authoritarian development policies imposes the civil society to change  strategy and tactics, from this moment on several segments of the student movement choosing the guerrilla war; e) at the end of the authoritarian dependent development project, the student movement finds its way into the fight for the society redemocratization with the improvement of their institutions, a movement that will be checked not only by the old elite  leading the so called New Republic, but also by the emergency of a new international context: the fall of  Berlin Wall, globalization and neo-liberal policies; f)  the end of the Era of Utopias implies the reflux in the evolution of the brazilian social movements. As a final thesis, the conclusion that the lack of interest in politics  characterizing our present moment  is explained by our elites’ rejection of the need for building up of a project of Nation, preferring a political accommodation compromise full of risks as to the future of our social formation.

Key-words
Brazil: Golden Years; Latin America; Brazilian student movement; Social movements; Authoritarism in LA;  The sixties;  Political openness.


O movimento estudantil brasileiro e a crise das utopias




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